terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Merecimento: A lógica torta com que a natureza congratula os melhores

Antes leia: ”O Modafinil na minha vida – Meu ultimo grande amor foi uma pílula de antidepressivo”

Ter usado o modafinil me levantou uma questão intrigante. Vamos assumir hipóteses e exagerar um pouco nos extremos pra ficar mais claro.

Suponhamos que eu pudesse fazer de mim dois Brunos: Bruno_1, hiperativo e desconcertado e Bruno_2 estudioso e workaholic.

O Bruno_2 poderia trabalhar por horas ininterruptamente, pois o trabalho não era um problema, pelo contrário, ele lhe causava um grande prazer.

Já o Bruno_1 tinha grandes dificuldades para se concentrar. Era um flagelo suportar estudar, mesmo que por uma única hora. Ele tinha que parar a cada 40 minutos para esfriar a cabeça. Produzia pouco durante o dia e a noite, quando chegava em casa, só queria saber de descansar.

Enquanto isso o Bruno_2 continua de pau dentro. Trabalhando como uma locomotiva. Feliz da vida.

Quarenta anos depois, o seguinte pode ser observado: Bruno_1 teve uma carreira simples, nada de muito reconhecimento. Já o Bruno_2, ganhou uma série de premiações e bastante reconhecimento em função de suas conquistas.

É claro que pessoas que fizeram coisas importantes têm que ser premiadas.

Independentemente de qualquer merda, o significado de seu trabalho é absoluto e deve ser reconhecido. No entanto é inaceitável observar de maneira errada a origem destes acontecimentos.

Daí vem a questão que eu quero tratar: Quem é o mais esforçado entre esses dois indivíduos?

Resposta: Os dois são igualmente esforçados!

As pessoas tratam grandes conquistas exclusivamente como resultado de um esforço proporcional. Mas não é só de esforço que se faz uma conquista.

Essa é uma questão delicada, não quero aqui tirar o mérito de ninguém que “venceu na vida apesar de tudo”, só quero levantar uma questão filosófica que não deve ser considerada absoluta, mas sim uma parcela da verdade.

Para que entendamos melhor, tiremos da nossa análise “pontos muito fora da curva”. Pessoas excepcionais como Newton e Airton Senna assim pessoas que tiveram pouco sucesso na vida, como moradores de países muito pobres, serão retirados da nossa análise.

Consideremos apenas estudantes de uma mesma universidade, de um mesmo curso e de mesma idade e que estejam minimamente comprometidos com os estudos. Vagabundos farrentos também saem da nossa colocação.

Mesmo reduzindo nosso campo de observação a limites pequenos, há grandes variações entre pessoas dentro desse espaço amostral. Digo: há possibilidades de algum deles ganhar um Nobel e do outro ter um emprego meia boca pelo resto da vida.

Acredito que as pessoas dentro dessa amostra têm praticamente a mesma garra, mas as dificuldades encontradas por elas para fazer as mesmas tarefas são diferentes, o que faz com que uns e se destaquem mais e outros menos.

A natureza presenteia as pessoas com o cérebro. Uma loteria genética. Não é a auto-cobrança que faz alguém se dedicar, ela só atrapalha. Mesmo dentre os piores alunos existem indivíduos que se cobram tanto ou mais que os melhores.

Eu vivi na pele os dois caras. O Bruno_2 durou menos de uma semana. O efeito do modafinil caiu bastante.

Hoje estou bem, mas me senti excepcional por alguns dias. Provavelmente é assim que os excepcionais se sentem.

Para mim seria fácil e prazeroso formar com louvor se o Bruno_2 continuasse vivo pelo resto da minha vida, mas agora que ele está moribundo, serei só mais um média 7.5.

A minha determinação continuou a mesma, isso é uma característica muito profunda de uma pessoa, os remédios ainda não podem agir nesse sentido. Mas fazer qualquer coisa se tornou mais saboroso quando o Bruno_2 ainda estava por aqui.

Minha auto estima voltou para seu sono eterno no pré-sal mesmo depois de eu deliberadamente ter dobrado a dose do modafinil.

He’s gonne.

Hasta o/

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O Modafinil na minha vida – Meu ultimo grande amor foi uma pílula de antidepressivo

Eu sou hiperativo desde o dia em que deixei os testículos do meu pai. Só deus sabe o tédio que é ficar 9 meses na barriga de alguém.

Comecei a me tratar desta moléstia quando tinha 16 anos, evoluí bastante, mas, apesar disso, sempre percebi que a medição (Metilfenidato) tinha pouco efeito sobre mim e que minha melhora havia acontecido por insistência mesmo. Mas mesmo tendo evoluído consideravelmente eu tinha grandes dificuldades para estudar e ficar fazendo coisas monótonas mesmo por pouco tempo. Ler me causava um desconforto absurdo e eu evitava sempre que podia.

Dentre todos os sintomas da hiperatividade, o que mais me atrapalhava era a falta de concentração e de animação para fazer coisas que não fossem muito excitantes.

Outra coisa me incomodava: eu sempre tive muito sono durante o dia, mas sempre tratei isso como um problema isolado. Uma indisposição e preguiça que destruía minha auto-estima. Sempre pensei que isso era frescura e que eu deveria ter apanhado mais pra aprender a acordar cedo e ter mais disciplina para estudar.

Coincidentemente o medicamento para hiperatividade acabou me ajudando com o sono, ele tem efeitos parecidos com os da anfetamina e isso me deixava acesão por umas 4 horas. No entanto tive que parar o tratamento, pois o metilfenidato também é um estimulante que em alguns casos deixa você mais hiperativo.

No fim das contas nunca respondi muito bem a esse tratamento para hiperatividade e o que o prolongou nem foi seu efeito principal, mas sim sua reação adversa, que tinha o poder de me deixar acordado. Usei mais um ano e parei definitivamente.

O sono voltou e minha auto estima foi morar com os tatus. Então ha algumas semanas dei um ultimato em meu psiquiatra: “Preciso de alguma coisa para ficar acordado, não agüento mais essa merda”.

Depois de alguns exames concluíram que eu tinha “hipersonia diurna”. Bom, fiquei até mais tranqüilo em descobrir que o nome do meu problema não era viadagem.

Então ele me receitou um medicamento que ele disse ser bastante moderno e que é originalmente usado no tratamento do narcolepsia (episódios de sono incontroláveis durante o dia com perda de tônus muscular).

Eu não nego um bom remédio. Tarjas preta então são meus preferidos.

Essa droga que poderia resolver minha vida se chama Modafinil.

No primeiro dia em que tomei a pílula eu ainda não sabia como era seu efeito. Era domingo (dia de acordar tarde), e eu havia ido pra cama a meia noite de sábado. Acordei as 4 da tarde, o que é uma raridade, comumente acordo entre as 7 e as 8 da noite.

Tomei 100 mg do modafinil logo que acordei. Não senti muita coisa diferente a não ser muita ansiedade.

O dia acabou e eu fui dormir cedo, mesmo tendo acordado as 4.

Mas às três horas da manhã eu acordei. E não consegui dormir mais. Eu não podia acreditar que aquela merda de remédio tinha todo esse poder.

Fiquei no computador até as 5 da matina, tomei um banho e às 6 fui pra universidade.
Então uma coisa ainda mais surpreendente aconteceu quando voltei a trabalhar na minha dissertação: Meu desconforto para ler havia desaparecido. Eu podia estudar por horas e isso até me dava até um pouco de prazer.

Pensei: Peraí. Essa porra é pra me deixar acordado ou pra me deixar concentrado?
Uma visita ao Google e vi que o modafinil era usado em casos onde o metilfenidato não resolvia. Bingo!

Os sintomas de hiperatividade haviam sumido junto com o sono. No mesmo dia senti uma vontade enorme de arrumar todo o meu quarto. Encaixotei toda a bagunça, coloquei etiquetas, dobrei todas as roupas. Uma paciência digna do mestre Ioda.

Trabalhei o dia todo freneticamente. Eu não tinha palavras pra descrever o que aquela pílula poderia fazer por minha vida. A única causa da minha baixa auto-estima era o fato de eu não conseguir estudar e me dedicar como eu gostaria e aquele comprimido tinha resolvido meu problema. Ler e estudar haviam se tornado incrivelmente saborosos.

Nesse dia eu me senti o cara mais foda do mundo. Fui tomado por uma sensação de que eu podia dominar o universo e que ninguém poderia me segurar.

Apesar disso eu sentia uma ansiedade muito grande durante o período de efeito do remédio. Eu queria ver se essa ansiedade era normal então liguei para meu médico e ele me esclareceu dizendo que fazia parte do início do tratamento, minha cabeça estava se adaptando.

Nos dias seguintes meu rendimento continuou espetacular. Oficialmente eu poderia ser chamado de workaholic.

Eu tinha realizado meu maior sonho!

Continua em: "Merecimento: A lógica torta com que a natureza congratula os melhores"

Hasta o/

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A beleza – Minhas colocações sobre esse trem

Beleza. Tá aí uma coisa que me deixa encucado.

Beleza é aquilo que agrada aos olhos do observador. Não é facultativo, se você nasceu para achar alguma coisa bonita, ela será e pronto. Você não tem controle.
Amores à primeira vista acontecem por causa da beleza.

“Ó deus, não sei o que ela tem, mas fico louco quando a vejo”

Com certeza a bundinha contribuiu mais do que o fato de ela ter graduado com louvor.
Toda a razão do homo sapiens vai por água a baixo quando vê um “bom” exemplar do sexo oposto. Um instinto toma conta do único ser tido como racional.

Eu, particularmente, sou um amante da beleza.

No início eu achava que, filosoficamente, era errado gostar de beleza (não que isso tenha interferido em alguma coisa). Que o prazer no observador vinculado ao belo era um “apêndice” em se tratando de evolução.

Sim, um apêndice, esse mesmo que tem na nossa pança. Ha milhares de anos ele tinha utilidade. Hoje só serve pra dar problema.

Quando alguma coisa é fundamental para a sobrevivência da espécie, a natureza logo se incumbe de vincular prazer a essa “coisa”. É assim com o sexo e com o ato de comer, sem os quais população nenhuma existiria.

Acho que essa nossa ligação com a aparência externa deve ter sido crucial para a sobrevivência de algum antepassado. No entanto, mesmo não tendo mais função aparente, está em nós até hoje.

Quanto ao motivo pelo qual a natureza vinculou prazer e beleza eu ainda tenho algumas observações:

1- Suponhamos que o tal vínculo venha de um motivo evolutivo e que de alguma maneira tenha sido importante na evolução de alguma espécie

2- Dentro de uma mesma espécie um “bom exemplar será sempre um bom exemplar”, ou seja, se Fulano é absolutamente perfeito para servir de matriz pra procriação da espécie, então ele é bom ponto final.

3- Se forem verdadeiras as duas considerações anteriores, então a natureza deveria vincular em todos os membros da mesma espécie de Fulano, um prazer ao observá-lo, de maneira que causasse vontade de tê-lo como parceiro. Isso garantiria a boa linhagem de seus filhos. E todas as características inferiores às de Fulano deveriam causar desconforto (seria feio, em outras palavras)

4- Mas... por que as pessoas tem gostos diferentes?

Bem, a explicação que eu acho ser verdadeira é a seguinte: Como essa merda não tinha mais utilidade ela sofreu mutações involuntárias durante os tempos, o que é natural. Entretanto a natureza não se preocupou em reajustar tais mutações por que já não tinha mais utilidade mesmo. Virou a cara e apertou o foda-se.

É por isso que aquele amigo seu gosta de gordinha. Aquele outro gosta de baixinha da perna grossa. E o outro gosta das magrinhas.

Nenhum deles quer escolher a mulher que os dará melhores filhos. Só querem satisfazer a vontade do apêndice.

O que há de mais importante a se concluir é que é muito difícil (ou impossível) controlar essa vontade louca de querer ter pessoas atraentes ao seu lado.

Mas isso não é motivo para que você se torne um macaco incapaz de raciocinar.

A aparência de uma pessoa mostra uma tendência do que poderá ser sua personalidade. Vale lembrar que, nesse caso, não me referi exclusivamente à beleza, mas sim a tudo que pode ser percebido num olhar externo.

O cérebro é uma ferramenta estatística poderosa, que, apesar de acertar mais de 50% das vezes, também erra (é daí que surge o que chamam de “pré-conceito”). Ele tenta estabelecer padrões entre a “aparência externa” e suas “características internas”. Isso é fabuloso.

Então não é de se espantar que pessoas de comportamentos e atitudes parecidas tenham, possivelmente, personalidades parecidas.

Se você tem predisposição a se apaixonar por um tipo de perfil que você já percebeu que não presta, trate de ordenar à sua cabeça uma mudança.

Ou não venha choramingar que os homens são todos vagabundos ou que as mulheres são todas putas.

Hasta o/

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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Esses romances lazarentos ¬¬

Tenho que parar de ver esse filmes de romance que aparecem em cartaz. Essas histórias de amores impossíveis me tocam e fico inspirado a tentar viver a minha própria.

E toda vez é a mesma coisa. Ao sair do filme eu passo na mesma loja de presentes que há no shopping. É uma loja de um japonês que mais parece o laboratório do “Magáiver” (não vou me dar ao trabalho de pesquisar no Google como se escreve essa droga de nome, sendo assim, vai no português fonético mesmo!)

Como eu disse, tem de tudo na loja desse japa. Mas o que sempre me leva lá nessas situações são os chaveirinhos e pingentes “de namorados”. Tem de uma porção de modelos, mas o princípio é o mesmo: Ele é bipartido. Você quebra no meio, fica com uma parte e dá a outra para a sua namorada.

Não sei exatamente por que, mas acho essa tirada muito interessante. Penso que seria legal dar isso para namorada. Nunca comprei um, mas, mesmo solteiro, tenho muita vontade. Talvez sirva de motivação para tirar a cara do meio desses livros e sair de casa.

O filme que assisti hoje foi “O amor pede passagem” é o que chamaria de “sem pé nem cabeça” (footless, headless).

No início a história é extremamente descontinuada. O diretor tem dificuldades de convencer que aquelas situações poderiam, de fato, acontecer. Que num caso real as pessoas se comportariam daquela maneira.

Aliás, tem horas que o diretor parece nem se dar ao trabalho de convencer ninguém de nada. Ele apertou o “foda-se” e botou pra derreter.

Do meio pro fim o Tegretol da produção voltou à dose normal e o filme toma um rumo mais lógico (lê-se: voltou a ser pelo menos clichê, pois antes ele era uma coisa amorfa).

Mas romance de temporada de verão é romance de temporada de verão. O casalzinho se conhece no início, passa o filme numa fase turbulenta e no fim dá tudo certo, eles se beijam, os créditos aparecem e você vê que a produção tinha quinze pessoas. Isso por que o câmera também era diretor de fotografia.

Uma coisa especialmente interessante foi a evolução do mocinho. E é sobre isso que eu quero comentar. Antes ele era um idiota, palavra o define muito bem, e depois de passar pelas frustrações amorosas no desenrolar do filme, se tornou claramente mais maduro.

É claro que isso leva tempo e apesar da esquizofrenia do diretor de continuidade, ele soube mostrar com destreza as etapas existentes entre um Mané e um Garanhão.
Sorte a dele (do mocinho) ter usado a confiança adquirida para, no final, conquistar a mocinha de jeito.

Quase sempre essa confiança só serve para nos deixar com uma falsa sensação de amor próprio que só nos encoraja a desistir.

“Eu não preciso dela para viver”

Bem, se não precisasse de verdade não teria colado um cartaz com essa mensagem dentro do seu guarda roupa. Se tem tanto trabalho para provar a si mesmo, é por que nunca acreditou.

É isso.

Acho que amanhã vou comprar um daqueles chaveiros. Pendurar na janela do meu quarto junto com as fotos das minhas cachorras (e da Rachel McAdams). Acho que vai ser o suficiente.

São medidas emergenciais, tenho muita coisa pra terminar na minha dissertação. Quem não tem cão, caça com espingarda.

Hasta o/

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O cachorro do cinema

Hoje quando saí do cinema, ainda no estacionamento do shopping, cruzei com um cachorro que andava por ali.

Gosto muito de animais e logo comecei a estalar os dedos para ver se ele vinha até mim. No entanto, ele parecia um pouco eufórico, elétrico. Lembrava a mim nas minhas piores fases de hiperatividade. Corria de um ponto ao outro. Parecia nem me notar tamanha a concentração que aplicava na sua maratona sem rumo.

Não sei o que há nos cachorros dessa cidade, mas todos são muito ariscos. No antigo lugar que eu morava os cachorros sempre me atendiam. Um estalo de dedos e nós já éramos amigos.

Então o animalzinho saiu correndo para outra direção até o momento em que não o vi mais.

Como o filme acabou muito tarde, as portarias principais estavam fechadas, tive andar muito dentro do shopping para conseguir encontrar uma saída. Saí pela portaria exatamente do lado oposto ao meu apartamento.

Durante a volta para casa, contornei todo o shopping e passei inclusive pela portaria que eu costumava sair, que obviamente estava fechada.

Ao passar por esse ponto o cachorrinho apareceu correndo aparentemente sem rumo, como parecia ser seu costume. Pensei que ele pudesse estar me seguindo, mas não tinha certeza, pois como disse, ele não andava paralelo a mim, mas sim em círculos ou qualquer outro tipo de trajetória irregular.

Ele vinha correndo, me ultrapassava, avançava uns cinco ou seis metros e parava para cheirar alguma coisa. Como eu continuava andando ele acabava ficando para trás.

Quando eu me distanciava uns cinco metros dele, o bicho voltava a correr, me ultrapassava e novamente parava para cheirar outra coisa. E assim foi.

Eu pensei: “Que cachorro intrigante”. Como eu não tenho nada de útil para pensar durante caminhadas, me ocupei filosofando sobre a mente do cachorrinho. Primeiro eu queria entender se ele estava me seguindo ou coincidentemente estava passando pelo mesmo caminho que eu.

Na engenharia é comum usar analogias para facilitar o cálculo de alguma coisa. Se você quer calcular a perda de energia da água ao atravessar um tubo, pode fazê-lo partindo do princípio que o atrito da água com o tubo é equivalente à resistência elétrica. O conceito de resistor é muito conhecido e isso facilita a formulação de um método de solução do problema.

Sendo assim, resolvi aplicar essa “técnica” com o cachorrinho.
“Se uma mulher estivesse no lugar daquele animal, se comportando como tal, ela estaria ou não me seguindo?”

Dessa maneira as coisas ficaram mais táteis.

Eu só não conseguia entender por que a todo o momento que eu tentava tocá-lo ele esquivava. Deu-se ao trabalho de me acompanhar e ainda sim tem medo de mim? Parecia estar com receio. Ou quem sabe, voltando a analogia, ele fosse o equivalente a uma mulher fazendo charminho.

Quando menos esperava, eu já estava próximo ao meu apartamento. O cachorro estava uns 10 metros a minha frente. Quando entrei na escada que dá na portaria do meu prédio, o bichinho percebeu, levantou a cabeça e as orelhas e voltou correndo. Eu não esperava aquilo.

Eu disse ao porteiro: Mas que interessante! Ele me seguiu até aqui! E eu não sei por que.

Nisso o bicho veio subindo as escadas na minha direção enquanto o porteiro tentava espantá-lo aos gritos. Ele tentou três vezes. Quando ouvia a voz do porteiro, descia alguns degraus, e voltava. Até que desistiu. Aquilo partiu meu coração.

Não sei o que ele viu em mim, mas se pudesse chutar, diria que é pelo mesmo motivo que as crianças gostam de ficar olhando na minha cara. Motivo este que eu também não encontrei explicação. Foi só uma intuição. Duas coisas igualmente excêntricas podem perfeitamente ter a mesma causa.

Minha mãe diz que eu sou “Abençoado”. Não acredito nessas coisas, todavia, nunca achei outro tipo de explicação. Se não posso contradizer, isso faz de mim um concordante, indignado.

No fim das contas ainda me dei ao trabalho de pensar sobre essa questão: Por que ele parecia me ignorar e ainda sim queria estar perto de mim?

Sabe... acho que esse era o jeito dele.

Hasta! o/

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