Antes leia: ”O Modafinil na minha vida – Meu ultimo grande amor foi uma pílula de antidepressivo”
Ter usado o modafinil me levantou uma questão intrigante. Vamos assumir hipóteses e exagerar um pouco nos extremos pra ficar mais claro.
Suponhamos que eu pudesse fazer de mim dois Brunos: Bruno_1, hiperativo e desconcertado e Bruno_2 estudioso e workaholic.
O Bruno_2 poderia trabalhar por horas ininterruptamente, pois o trabalho não era um problema, pelo contrário, ele lhe causava um grande prazer.
Já o Bruno_1 tinha grandes dificuldades para se concentrar. Era um flagelo suportar estudar, mesmo que por uma única hora. Ele tinha que parar a cada 40 minutos para esfriar a cabeça. Produzia pouco durante o dia e a noite, quando chegava em casa, só queria saber de descansar.
Enquanto isso o Bruno_2 continua de pau dentro. Trabalhando como uma locomotiva. Feliz da vida.
Quarenta anos depois, o seguinte pode ser observado: Bruno_1 teve uma carreira simples, nada de muito reconhecimento. Já o Bruno_2, ganhou uma série de premiações e bastante reconhecimento em função de suas conquistas.
É claro que pessoas que fizeram coisas importantes têm que ser premiadas.
Independentemente de qualquer merda, o significado de seu trabalho é absoluto e deve ser reconhecido. No entanto é inaceitável observar de maneira errada a origem destes acontecimentos.
Daí vem a questão que eu quero tratar: Quem é o mais esforçado entre esses dois indivíduos?
Resposta: Os dois são igualmente esforçados!
As pessoas tratam grandes conquistas exclusivamente como resultado de um esforço proporcional. Mas não é só de esforço que se faz uma conquista.
Essa é uma questão delicada, não quero aqui tirar o mérito de ninguém que “venceu na vida apesar de tudo”, só quero levantar uma questão filosófica que não deve ser considerada absoluta, mas sim uma parcela da verdade.
Para que entendamos melhor, tiremos da nossa análise “pontos muito fora da curva”. Pessoas excepcionais como Newton e Airton Senna assim pessoas que tiveram pouco sucesso na vida, como moradores de países muito pobres, serão retirados da nossa análise.
Consideremos apenas estudantes de uma mesma universidade, de um mesmo curso e de mesma idade e que estejam minimamente comprometidos com os estudos. Vagabundos farrentos também saem da nossa colocação.
Mesmo reduzindo nosso campo de observação a limites pequenos, há grandes variações entre pessoas dentro desse espaço amostral. Digo: há possibilidades de algum deles ganhar um Nobel e do outro ter um emprego meia boca pelo resto da vida.
Acredito que as pessoas dentro dessa amostra têm praticamente a mesma garra, mas as dificuldades encontradas por elas para fazer as mesmas tarefas são diferentes, o que faz com que uns e se destaquem mais e outros menos.
A natureza presenteia as pessoas com o cérebro. Uma loteria genética. Não é a auto-cobrança que faz alguém se dedicar, ela só atrapalha. Mesmo dentre os piores alunos existem indivíduos que se cobram tanto ou mais que os melhores.
Eu vivi na pele os dois caras. O Bruno_2 durou menos de uma semana. O efeito do modafinil caiu bastante.
Hoje estou bem, mas me senti excepcional por alguns dias. Provavelmente é assim que os excepcionais se sentem.
Para mim seria fácil e prazeroso formar com louvor se o Bruno_2 continuasse vivo pelo resto da minha vida, mas agora que ele está moribundo, serei só mais um média 7.5.
A minha determinação continuou a mesma, isso é uma característica muito profunda de uma pessoa, os remédios ainda não podem agir nesse sentido. Mas fazer qualquer coisa se tornou mais saboroso quando o Bruno_2 ainda estava por aqui.
Minha auto estima voltou para seu sono eterno no pré-sal mesmo depois de eu deliberadamente ter dobrado a dose do modafinil.
He’s gonne.
Hasta o/
Não se esqueçam de comentar!!!